quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Uma vez de cada.


Ta na hora de deixar de ser prego, pra ser uma vez martelo.

Talvez nem tanto assim, ter essa sede de ser martelo, o importante na vida é acordar e deixar ser prego.
Deixar de ser atingido e ficar mudo, ficar ali parado, esperando a outra pancada que cada vez mais te enterra pra dentro de uma peroba sólida.
Reparou que a pancada é sempre na “cabeça”?
É a parte importante pra eles, a parte mais fácil de ser atingida, a parte visível de uma força que vem sempre imposta de cima pra baixo.
Sempre do mais forte para o mais fraco.
Do ágil ao imobilizado.
Você é atingido e cada vez mais torturado.
Aqueles que já não servem pra ser atingido na cabeça, quase sempre é porque já não tem mais a cabeça e geralmente o corpo já está torto ou enferrujado.
Estes são descartados, deixados de lado pra que o tempo que se encarregue do resto.
Há vários tipos de martelo, e apenas um único tipo de prego, na verdade o prego apenas varia de tamanho, mas é sempre o mesmo parasita, que parece ter nascido pra esperar a hora de sair do saco e levar a pancada na cabeça.
Os martelos mudam de lugar, muda de mão, mudam de nome...
Um dia foi chamado de escravidão, depois virou emprego, depois virou política, depois virou crediário, virou ate investimento, depois virou bolsa família, bolsa escola, vale gás, cesta básica, vale leite, vale um pedaço de pão.
Basta apenas a primeira martelada, na cabeça para que você já coloque os pés pra dentro da peroba e ali estacione a vida.
Uma vez isto feito e pronto, já está designado a permanecer dentro da peroba sem poder se quer olhar ao lado, pois está completamente imóvel e alienado.
Um martelo que se preze, sempre escolhe seus pregos, separa os enferrujados e tortos, dos brilhantes, aquecem os por alguns instantes, ate ganha-los para aplicar lhes o golpe perfeito.
Carregam-te no colo no começo, fala ao seu ouvido que você não é torto e não esta enferrujado, em outras palavras, você é o cliente deles.
É o consumidor de amanha, é o bolsista, é a reeleição.
E assim segue a vida, do prego do martelo e da peroba.
A simples matemática do opressor e do oprimido.
Cuidado sempre com a cabeça.
O corpo torto, da se um jeito.
Pra ferrugem existe a lubrificação.
Só não esqueça nunca...
“O prego que se destaca, é sempre o prego martelado”.
Se destacar é bom, mas se esquivar do martelo é ainda melhor.

Um comentário:

  1. Olá, And!
    Gostei muito desta analogia. Por vezes estamos tão acostumados a absorver as "marteladas" que esquecemos que prego não como espuma. Nossa cabeça dura nos deixa tão estagnados que passamos a acreditar que "as coisas são assim mesmo". As coisas são como nós as fazemos, e se quisemos mudar, "vai mudar...".
    Um abração e parabéns pelo seu blog!
    Alexandre Costa

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